terça-feira, 3 de abril de 2007

Entre a distância...Liguei...


A maior viagem é aquela, entre a distância de duas pessoas...
Ontém liguei, mas não atendeste, não consegui falar contigo. Estava inquieta não sei ao certo porquê, talvez porque queria ouvir a tua voz meio rouca, meio doce, para ouvir as palavras que desejo ouvir, para ver se acalmava o meu coração inquieto, talvez por não te ver, talvez por não te ter, talvez pelo simples facto de ter saudades....
Liguei, porque cada momento passado contigo é uma festa, e durante algum tempo perdi a noção do que isso era...
Liguei, na esperança de que me ligasses de volta, para saber o que sentes...
Liguei, porque é o que os casais fazem...
Liguei, para te dizer que te Amo de uma forma doce, de uma forma intensa, na tua agitação, no teu conflito interno que apenas procura acalmia no meu regaço...
Liguei, para te dizer que gosto de ti, nesse teu jeito muito próprio de mulher, lutadora, trabalhadora, simples, mas muito nobre de sentimentos, que és...
Liguei, para que soubesses que despertaste em mim algo de muito bom, bonito e que achei que não o iria voltar a sentir...
Liguei... Liguei... Liguei... E falámos!
A ti, o meu eu, para que possas mostrar ao Mundo, o que há de bom na nossa vida em conjunto...

1 comentário:

Eu disse...

Onde tu pousas as mãos,
naturalmente
eu vou pousar as minhas. Um silêncio
faz-se pela casa, uma luz coada vem da janela
e cobre os móveis de uma poalha
doirada. Os objectos estão quietos
como nunca.

Onde tu pousas as mãos,
onde tu pousas mesmo se brevemente as mãos,
torna-se íntima a percepção que se tem de cada hora,
de cada amanhecer,
de cada exacto momento. O entardecer
é só um vasto campo que se abre,
um rumor de folhas que restolham no jardim.

Escrever é ler,
ler é escrever - eu sei isso
porque em cada sítio onde [do meu corpo] tu pousaste as tuas mãos
ficou escrito - eu vejo-o: nítido -
sobre o mais frágil espelho dos sentidos, uma palavra que se lê
de trás para diante. Quando te deitas eu sinto-lhe o perfume,
que é o da noite que entra pela janela.

E onde tu pousas as tuas mãos faz-se um rio
de prata e de quietude mesmo nas minhas mãos
que pousam onde as tuas foram antes procurar
a quietude, procurar as tuas mãos. São exactas as tuas mãos,
são necessárias, têm dedos
que são os filamentos de gestos que descrevem na penumbra
desenhos tão perfeitos que surpreendem.

Onde tu
pousares as tuas mãos
eu quero estar.
Exactamente como a sombra
cai na sombra. A água
na água. O pão
nas mãos.

-Bernado Pinto de Almeida-